Em Frente pela Juventude

“Chegamos até aqui porque silenciamos, porque aceitamos. O silêncio não vai nos levar a lugar nenhum" afirmou Karla Recife, do Frente Favela Brasil, no encontro Em Frente pela Democracia, realizado pelo Pacto pela Democracia, na última segunda-feira (2).

O encontro - que reuniu jornalistas, advogados, acadêmicos e representantes de mais de 30 ONGs com identidades e trajetórias políticas marcadamente diversas - teve suas falas marcadas por indignação e pesar pela tragédia de Paraisópolis, em que uma ação policial resultou na morte de 9 jovens.

Não é exagero dizer que o triste acontecimento é retrato de uma violência contínua. Também não é exagero dizer que essas políticas possuem direcionamento: meninos jovens e negros. De acordo com o Atlas da Violência no Brasil, nosso país tem níveis acima da média mundial no que se refere a violência e homicídios, sobretudo relacionados a violência policial. Só nos últimos três anos, as mortes por intervenções policiais cresceram 47%, sendo que o perfil das vítimas fatais é composto por: 99,3% homens, 77,9% entre 15 e 29 anos e 75,4% negros.

Ao contrário do que mostram dados e pesquisas sobre segurança pública em todo o mundo, no Brasil tem-se apostado em políticas públicas de endurecimento da repressão como forma de lidar com a violência social, a exemplo dos projetos em trâmite no Congresso Nacional que propõem excludentes de ilicitude e flexibilização da posse e do porte de armas. As principais vítimas, já se sabe, são aquelas apresentadas no Atlas: jovens negros e moradores das periferias brasileiras.

Diante de tudo isso, cabe a responsabilidade para aqueles que defendem a democracia, de não silenciar perante as violações de direitos fundamentais. Hoje (4), às 17h, acontecerá um ato público, em frente à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, organizado pela Coalizão Negra por Direitos, UNEafro, entre outros coletivos.

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